O Dia Internacional de
Combate à Violência contra a Pessoa Idosa, comemorado em 15 de junho, foi
marcado por grandes atos, em muitas partes do País. Esta é uma ótima
oportunidade para que a sociedade se conscientize sobre o problema e promova
discussões que ajudem a mudar um quadro preocupante.
Atualmente, 15 anos após a edição da Lei de Política Nacional do Idoso e
6 anos após o Estatuto do Idoso, ainda está em fase inicial a adoção de práticas
garantidoras dos direitos do idoso no Brasil. Dados do IBGE dão conta que, no
Brasil, o contingente de idosos tem crescido de forma acelerada. Estima-se que,
até 2020, o País conte com 40 milhões de pessoas acima de 60 anos, passando a
ser o sexto país com mais idosos no mundo.
E, dentre os principais problemas enfrentados pelos idosos, o maior
deles é o da violência, que não ocorre somente aqui. No Brasil, hoje, as
violências e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de pessoas idosas, ocupando
o sexto lugar na mortalidade, depois das doenças do aparelho circulatório, das
neoplasias, das enfermidades respiratórias, digestivas e endócrinas. Morrem
mais de 13 mil idosos por acidentes e violências por ano, significando, por
dia, uma média de 35 óbitos, dos quais 66% são de homens e 34%, de mulheres.
Cerca de 10% dos idosos que morrem por violência são vítimas de
homicídios, sendo que na maioria dos casos, são homens. No Brasil, as
informações sobre doenças, lesões e traumas provocadas por causas violentas em
idosos ainda são pouco consistentes. Pesquisadores chegam a estimar que 70% das
lesões e traumas sofridos pelos velhos não comparecem às estatísticas. Em nosso
País, há 93 mil idosos que se internam por ano por causa de quedas (53%), violências
e agressões (27%) e acidentes de trânsito (20%).
Aqui, mais de 95% das pessoas acima de 60 anos estão morando com seus
parentes ou vivem em suas próprias casas. Em 26% de todas as famílias, existe
pelo menos uma pessoa com mais de 60 anos. Estudos parciais feitos no País
mostram que a maioria das queixas dos idosos é contra filhos, netos ou cônjuges
e outros 7% se referem a outros parentes.
As denúncias enfatizam em primeiro lugar abusos econômicos, como
tentativas de apropriação dos bens do idoso ou abandono material cometido
contra ele. Em segundo lugar, agressões físicas e, em terceiro, recusa dos
familiares em dar-lhes proteção. A maioria das violências físicas cometidas
pelos filhos está associada a alcoolismo, deles próprios ou dos pais idosos.
No que concerne à especificidade de gênero, todas as investigações
mostram que, no interior da casa, as mulheres, proporcionalmente, são mais
abusadas que os homens. E, ao contrário, na rua, eles são as vítimas
preferenciais. Em ambos os sexos, os idosos mais vulneráveis são os dependentes
física ou mentalmente, sobretudo quando apresentam problemas de esquecimento,
confusão mental, alterações no sono, incontinência e dificuldades de locomoção,
necessitando de cuidados intensivos em suas atividades da vida diária. Em
conseqüência dos maus tratos, muitos idosos passam a sentir depressão,
alienação, desordem pós-traumática, sentimentos de culpa e negação das
ocorrências e situações que os vitimam e a viver em desesperança.
Por isso, é preciso reafirmar que falar de violência é fortalecer
políticas estabelecidas, por exemplo, pelo Estatuto do Idoso, que queremos ver
cumprido cada vez mais. Assim, existem hoje suficientes dispositivos legais e
normativos para o enfrentamento da violência, assim como vão se implantando
estratégias de proteção como os Conselhos Nacionais e Locais de Direitos dos
Idosos, os “SOS – Idoso”, os “Ligue – Idoso” e muitos outros. No entanto, há
uma imensa distância entre as leis e portarias e sua implementação. Muitas
transformações previstas implicam mudanças de hábitos, usos e costume,
portanto, outra mentalidade.
Além disso, deve ser estimulada a formação de uma verdadeira rede de
proteção em todos os municípios, com órgãos como Promotorias do Idoso, Varas do
Idoso, Defensorias do idoso, Conselhos de Direitos do Idoso, atendimento
domiciliar ao idoso, residência temporária para idosos vítimas de violência,
Centro-dia para atendimento de idosos que necessitam de atendimento diário
especializado e contínuo, oficina abrigada de trabalho para que o idoso
complemente a sua renda, casas-lares, capacitação de cuidadores de idosos e
conselheiros, reserva de leitos em hospitais gerais e atendimento
especializados nos consultórios dos hospitais públicos, os quais devem possuir
médicos geriatras.
A interlocução entre todos esses órgãos e
instituições torna-se essencial para a garantia dos direitos dos idosos, bem
como para a inserção nos orçamentos dos recursos necessários para o atendimento
das demandas das pessoas idosas. O maior antídoto contra a violência é a
ampliação da inclusão na cidadania.
Acho que no nosso campo falta um pouco desse debate dentro da universidade, é falado em sala de aula sobre o idoso somente relacionado a assitência previdenciária nem na temática saúde temos um debate na àrea do idoso, se restringindo somente ao campo da pesquisa e extensão.
ResponderExcluirSeria preciso um pouco mais de informação, pois, é uma área em que nós como futoros assitentes devemos estar informados, sobre suas leis,estatutos tão recentes em nosso país.
A questão do idoso, não é amplamente discutida nos debates em salas de aula, fóruns, etc.
ResponderExcluirAcompanhamos muitas vezes através da mídia, casos e relatos de violência contra o idoso, o descaso dos órgãos que deveriam cuidar para que este tenha acesso a todas a informações necessárias sobre a sua aposentadoria.
É uma realidade que deveríamos nos aprofundar com mais afinco, compreender, pesquisar para melhor atender futuramente à demanda desses usuários.
Somos uma população que envelhece a cada dia, há anos que eramos jovens daqui alguns anos não muito longe seremos maioria. Mas as politicas e serviços para idosos neste país ainda é precário para suplir a demanda. É preciso para além das políticas um debate e luta para implementá-las porém pode-se começar pelo Serviço Social que poucas ferramentas mostram par lidar e trabalhar com esse novo usuário.
ResponderExcluirPostado por:Lilian Barbosa